Ocupação e lazer sadios para jovens e adolescentes – II

Um pai de adolescente, residente em Cachoeira Dourada me reclamou:
- "Adenir Mateus: tenho dificuldade de ensinar a meus filhos a necessidade de cumprir leis, regras de convivência social, pois, aqui nessa cidade é abundante o mau exemplo emanado, a tolerância e conivência com transgressões de normas legais".

Compartilho com o cidadão que me expressou esta preocupação. Como a gente consegue fazer que um filho acredite e obedeça a regra, segundo a qual o menor não pode conduzir veículo automotor que exige habilitação?
Como fazer eles entenderem que não se pode estar desacompanhados em determinados ambientes, depois de determinadas horas. Que não podem comprar e consumir bebidas alcoólicas e cigarros? E tantas outras precauções a que devem se submeter?

Em suma, como fazer eles entenderem o sentido pratico de normas de convivência, quando sabemos que elas existem para a proteção de todos em uma existência social, para delimitar que o direito de um termina onde começa o do outro, para que as futuras gerações possam desfrutar de oportunidades e espaços ditados pela colaboração recíproca, sem temer estar vivendo em verdadeiro caos, onde poderia estar imperando a lei do mais forte, e que, tudo isso, por certo estabelece limites às condutas individuais?

É que esta fase da vida do ser humano é um tempo de aprendizados e experimentações que definirão o futuro caráter e personalidade, sendo um período de vulnerabilidade aos riscos propiciados por uma sociedade cheia de más intenções e vícios, que poderão prejudicar para sempre a vida do futuro cidadão.

Individualmente, nos dias atuais, a tarefa de educar e encaminhar na vida os adolescentes, munindo-os com o próprio exemplo, é quase impossível, desde o momento que os cidadãos passaram habitar as cidades; os pais passaram a dedicar às ocupações modernas, que cada dia consome mais horas fora do recinto familiar; com as imensas possibilidades de comunicação, que, de verdade é onde se alimenta de conhecimentos e experimentações a eles, que estabelecem contatos; e, por fim a sociedade e o espaço social onde concretizam suas relações. A margem de manobra e atuação dos pais é bem reduzida, sendo pequenas suas possibilidades de domínio sobre a formação do caráter e conduta dos futuros cidadão. Foi-se o tempo da expressão: “tal pai, tal filho”.

Por apresentar estas características, hoje a problemática não é mais de responsabilidade exclusiva da família, sendo questão, ao mesmo tempo, de ordem pública, pois, não se lograrão resultados satisfatórios a ação individual das famílias, se o ambiente social não cumprir algumas tarefas de apoio e prevenção.

Então, vamos falar de políticas públicas para as crianças, jovens e adolescentes e, falar sobre a atuação do Poder Público em Cachoeira Dourada nessa questão.

Às vezes ouvimos e lemos comentários, segundo os quais a ONG somente faz críticas, então reafirmamos as críticas e apresentamos sugestões plausíveis para a solução de problemas de nossa sociedade. É que aquela preocupação daquele pai de adolescente, a mim expressada é da maior importância e merece, há muito tempo observo, um adequado enfrentamento.

Recentemente tomei conhecimento de uma realização de determinadas pessoas em Cachoeira Dourada, exitosa por sinal, que trata-se de apoiar material e financeiramente a realização semanal de aulas de tênis para crianças, adolescentes e jovens, alguns carentes.

Fiquei sabendo que a Dra. Natália pagava de seu próprio bolso R$ 380,00 mensais e pagava o combustível para o professor Benezil vir de Itumbiara, a Prefeitura complementava com R$500,00 mensais, 80 alunos estavam sendo beneficiados com as aulas de tênis, havia um ano e meio que se realizava, participaram de torneios em Itumbiara, Goiatuba, Caldas Novas e até São Paulo e ganhando troféus pelo bom desempenho que apresentavam. Vejam fotos desta ação, as quais tive acesso pesquisando no Orkut da Dra. Natália e do Professor de Tênis, Sr. Benezil.

Essa é uma ação capaz de retirar a pessoa da ociosidade, ante-sala do contato com os riscos a sadia formação do caráter e da personalidade.
Entretanto, tive notícias que o programa está correndo risco de continuidade ou, já teria sido encerrado por falta de colaboração da Prefeitura Municipal.
Não acredito que o Sr. Prefeito irá praticar uma maldade dessas, por tão somente R$ 500,00 mensais!

Outra notícia que vem conspirar contra ações e atividades indispensáveis ao apoio de crianças e adolescentes é relativa à situação de abandono que se encontra o espaço físico para a realização de aulas de Educação Física no Colégio Modelo, onde as fezes de pombos não estão propiciando condições de ministrar as aulas, sem o risco de contaminação dos alunos.
Isto nos deixa perplexos, pois, máquinas da Prefeitura vão para todos os lados atender serviços particulares e, na horas de manter uma quadra de esportes limpa, para o uso dos filhos de Cachoeira Dourada, dificilmente aparece um caminhão pipa para realizar uma limpeza, lavando a quadra!
Mais uma maldade do Sr, Prefeito! Ou não é ele quem manda!

Esses são somente dois exemplos que lembrei por ter tomado conhecimento, e decidi contar à comunidade.

Mas, o que queria mesmo tocar e tentar sensibilizar a sociedade de Cachoeira Dourada e as autoridades, tem um sentido mais amplo e que, por certo atenderia todo o espectro de questões relativas.

Eu vou falar sobre Educação, Cultura, Lazer e Esporte como formas de proteção, ocupação e formação de crianças, jovens e adolescentes, responsabilidade pública imposta pelos tempos modernos e perfeitamente factíveis com os recursos orçamentários desse município, que sabemos são abundantes.

Buriti Alegre, município com uma população aproximada à nossa, mas com a metade de nosso orçamento, está fazendo bem melhor na área da educação, conforme a matéria do Jornal Folha de Notícias, na figura abaixo.

Não sei se estarei dando murro em ponta de faca ou, se estarei falando ao vento, mas, de verdade eu queria propor ao Sr. Prefeito Robson e aos nove vereadores que, o município adotasse uma PPPP (Parceria do Poder Público com o Povo) e um PMECLE (Plano Máster de Educação, Cultura, Lazer e Esporte), visando a integral educação, desenvolvimento e proteção de nossas crianças, adolescentes e jovens, filhos dos eleitores e contribuintes de Cachoeira Dourada.

Estes sim, Sr. Prefeito, pode enviá-los à Câmara Municipal para aprovação, fazer Audiência Pública de verdade, que estaremos presentes para falar em apoio, pedir urgência, aplaudir todos que defender os projetos. Dinheiro, sabemos que existe com sobra, basta cortar uns contratos desses que não servem para nada, verdadeiras doações dos recursos públicos, sabe Deus para que fim!

E o que conteria estes projetos?
- Reforma, ampliação e adequação de todas as estruturas físicas das escolas municipais;
- Organização, capacitação, plano de cargos e salários, sindicalização e preenchimento de vagas, por concurso público para o quadro de profissionais da Educação;
- Inclusão de conteúdo extra-curricular, estendendo a carga horária escolar até o período integral para determinados níveis;
- Aprovação de lei instituindo um programa de desenvolvimento cultural, de lazer e esporte, prevendo:
- a contratação de instrutores e monitores;
- o fornecimento de materiais esportivos, musicais e para atividades artísticas e literárias;
- o estabelecimento de atividades de formação e desenvolvimento esportivo, musical, cultural e artístico, atendendo crianças, adolescentes e jovens, coordenadamente com as Escolas do Município;
- estabelecimento de um calendário das atividades, prevendo as datas maiores, onde as equipes envolvidas participariam de um festival, campeonato, apresentações especiais, reconhecimento aos méritos.
- Estabelecimento de uma coordenação pública, entre o Poder Executivo Municipal, Ministério Público, Conselho Tutelar, Polícia e Justiça, para:
- no sentido de prover vigilância e proteger os ambientes escolares, os servidores e alunos, para dar a devida tranqüilidade, necessária ao máximo rendimento às atividades de ensino;
- prover vigilância e proteção, em ambientes de risco, tais como bares, clubes, prainha, água de coco, entre outros, onde os anteriores esforços podem ser perdidos pelo contato com situações desfavoráveis;
- Conceder isenção de tributos municipais a empresários e cidadãos que, de forma objetiva e regular colaborem efetivamente com recursos financeiros, materiais e humanos na consecução desses programas.

Esse seria um começo de esboço daquilo que poderia ser um exitoso plano para a integral educação, lazer, esporte e cultura, visando ocupar o tempo de adolescentes, crianças e jovens, afastando-os da ociosidade e desocupação, fatores que estimulam a desvirtuar do melhor caminho na vida!

E feito isso, a sociedade ganharia muito, ou melhor, teria a retribuição dos esforços que faz todo o tempo, pagando impostos à Administração Pública. Então, com isso, não há que pensar em agradecer a um ou outro político; a concretização disso não pode abrir espaço à promoção pessoal das autoridades que aprovarem e executarem tal programa, mas, sim, uma publicidade institucional, educativa e informativa creditando ao município a realização de uma obra humana da mais alta relevância, fruto dos esforços de cada membro da comunidade.

Não seriam favores, senhores políticos; é tão somente suas obrigações tornar realidade o que o povo merece e pode ter!
Como despachou em sentença o Tribunal de Justiça de Goiás, quando julgou Ação Civil Pública contra o Prefeito Robson, nos seguintes termos:

“Enfim, 02 (duas) coisas devem ficar claríssimas: uma, que o crédito das obras ou serviços prestados no Município de Cachoeira Dourada (fl. 20) a este é quem devem ser atribuídos, mas jamais ao Robson Silva Lima, ao Rodrigo Rodrigues de Almeida ou a qualquer outra pessoa; outra, que a coisa pública não é porta retrato de político, muito menos ao capricho deste deve se curvar”.

Mas, se isso não acontece, do povo também é parte da culpa, quando é muito pacato, conformado, tímido, incapaz de manifestar qualquer descontentamento, aprovando, desse modo, pela omissão, o tratamento que há muito vem recebendo.
Nessa pseudo Audiência Pública sobre a malfadada PPP ficou provado que, quando uns poucos cidadãos resolvem participar, somente pela proximidade e presença junto àqueles que tem a competência para legislar, o resultado foi muito diferente daquele que estava encomendado. Imaginem a permanente mobilização e presença de grande parte do povo, cobrando, manifestando, opinando, colocando faixas, escrevendo umas linhas do que pensam, falando, indo no rádio, gritando em um megafone, que diferente poderia ser.
Faríamos as leis que o povo necessita para o seu desenvolvimento!

Então, a participação de cada um é fundamental e, se não vivemos em uma cidade melhor hoje, tem muita gente que deixou de ser cidadão no tempo que requeria sê-lo!

Que este ciclo vicioso termine o mais rápido possível!