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quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Atuação do MP disciplina o carnaval 2015!

Foram alguns carnavais e finais de ano em que os moradores de Cachoeira Dourada, notadamente os que habitam as proximidades da orla do reservatório tem se sentido inseguros e demasiadamente desassossegados com toda a movimentação dessas festas.
Afortunadamente, nesse carnaval 2015 o Ministério Público em Cachoeira Dourada, pela Promotora Ana Paula, atuou de maneira a chamar todos os interessados (Prefeitura, Polícia Militar, Corpo de Bombeiros, Conselho Tutelar, Empresários Organizadores do Evento e a ONG Transparência Cachoeirense) para conciliar os interesses dos foliões, festeiros, residentes e os empresários que irão organizar e se responsabilizar pelo evento.
Para isso, a Promotoria recebeu o apoio da Polícia Militar e Corpo de Bombeiros nas questões da segurança preventiva e repressiva, além das que podem afetar o uso da orla para banho, moto-náutica, etc. Ademais, participa a Prefeitura como gestora do espaço urbano, responsável pelas autorizações e alvarás, pela aplicação das normas de uso dos bens públicos no espaço territorial envolvido.

Para o local onde irão ocorrer os shows, cumprindo exigência do Ministério Público e de acordo com normas e disposições oriundas do Corpo de Bombeiros e Polícia Militar, os organizadores do evento deverão atenderem alguns requisitos, tais como a disposição de 30 (trinta) seguranças privados por noite, fornecer uma tenda onde se estabelecerá um posto de polícia, para encaminhar as ocorrências, entre outras medidas.

Entretanto, o fluxo de visitantes que deverão aportar em Cachoeira Dourada, circular por toda a cidade, principalmente a sua aglomeração na orla, sempre traz receios, desassossego e insegurança. Então, na reunião do dia 10/02/15 promovida pelo MP, estiveram presentes os Srs. Adenir Mateus Alves e Aparício César Camargo, membro da ONG e residentes na Vila Operadora, setor residencial mais próximo ao local.

Expressaram as seguintes e principais preocupações:

1)    Não pode faltar sinalização, fiscalização e autuações para condutores em situação de direção perigosa (alta velocidade, embriaguez, etc), que transitarão pelas estreitas ruas de nosso setor residencial, como tem sido nos últimos anos;
2)    Não pode faltar sinalização, fiscalização e autuações para condutores de barcos, lanchas e jet-skis, situações de riscos para banhistas, que sempre observamos;
3)    Preocupa a exagerada aglomeração de barracas de camping nas quadras vagas e áreas verdes em frente e ao lado de nossas residências, o que praticamente deixam sitiados os moradores desse local, em situação de desassossego total;
4)    A falta de um horário limite para terminar cada noite do evento. Das vezes passadas, mesmo depois que o som era desligado, já pela manhã, da mesma forma continuava a poluição sonora oriunda dos inúmeros carros com som automotivo que ficam acampados em nossas vizinhanças. Isso tem que ser coibido, principalmente dessa vez que o cartaz anuncia “Primeiro Carnaval 24 horas de Goiás”. Estabelecer um horário para terminar a noitada no local do evento e coibir o exagero dos sons automotivos, senão ninguém aguenta.

Ouvimos do representante da PM, Sargento Belair, que o contingente estará reforçado com 10 (dez) policiais, realizando patrulhas nas imediações e também na cidade em geral, atento aos excessos de motoristas em situação de direção perigosa, sob uso de álcool, em excesso de velocidade, etc. Isso nos tranqüiliza um pouco.

Da promotora ouvimos que, mesmo que a polícia não tenha tido a oportunidade de flagrar condutas abusivas de motoristas, em situação testemunhada por cidadãos, o Boletim de Ocorrência poderá ser aberto no primeiro dia útil após o feriado, constando a placa do veículo.

Disse ainda a promotora que a legislação ambiental contra poluição sonora deverá ser obedecida e cumprida, bastando que a PM use o decibelimetro  existente sob os cuidados da Prefeitura, sendo o limite de 80 dB, conforme legislação específica. Isso deverá valer para o som automotivo que não fizer parte do evento e, cumulativamente, que ocorrer fora dos horários estabelecidos para o mesmo.
Não é possível um carnaval 24 horas, que ninguém aguenta, pensamos.

Tivemos que deixar a reunião antes de seu término, ainda iriam expor as questões o pessoal do Corpo de Bombeiros, mas, no formato que ocorreu, a impressão que tivemos foi positiva. Tão positiva que tomei a liberdade de sugerir à Promotora que, após o carnaval deveríamos reunir novamente, todos os que participaram agora, visando fazer um balanço dos compromissos assumidos e seu cumprimento, das atividades realizadas, ocorrências que porventura se apresentem, visando preparar melhor para as próximas oportunidades, com antecedência maior.

Finalmente parabenizei o trabalho do MP e agradeço aqui a ajuda que nos poderá brindar as autoridades policiais.

Minhas considerações sobre a realização do carnaval em Cachoeira.

É justo que os foliões e festeiros queiram se divertir; é justo que a Prefeitura em dificuldades financeiras conceda autorizações para terceiros promover em área pública a festa; é justo que os organizadores privados consigam obter renda suficiente para cobrir as despesas e obterem algum lucro; mas, da mesma forma é justo que o evento não pode desassossegar, trazer insegurança aos os residentes vizinhos e povo em geral; deveria ser tratado com total transparência os aspectos e negócios que envolvem o interesse privado representado por um negócio lucrativo e o poder público municipal que deve zelar pelo bem comum. Com base nesses princípios a ONG quer se pautar e acompanhará até o final do evento.

Quando colocamos nossas demandas queremos dizer que os direitos de todos devem ser respeitados, visitantes e moradores, entendendo que somente praticas pautadas no cumprimento das leis e normas de convivência civilizada poderão conduzir a atividades de turismo sustentáveis.

Temos certeza de que nossa posição de participar e apresentar nossas preocupações, em sintonia com o órgão público fiscal da aplicação da lei (MP) e com o apoio das autoridades policiais, cria a pressão necessária para que as condutas se ajustem e os excessos sejam coibidos. Induz que a Administração Pública Municipal passe a prestar melhor atenção ao interesse público, ao seu patrimônio e ao bem comum, o que não se reduz somente a emitir os alvarás para particulares explorarem atividade lucrativa a despeito da segurança, condições sanitárias e ambientais dos moradores e visitantes.

Como já dito acima, afortunadamente tivemos dessa vez a iniciativa do MP. Mas, espera-se que nas próximas oportunidades a Prefeitura possa chamar os interessados, empresários, autoridades policiais, moradores, representantes de associações e entidades para conversarem antecipadamente, com transparência, de modo a cumprir as leis e normas, ouvindo as posições contrárias, no sentido de realizar os eventos sem vulnerar direitos, sem omitir-se das responsabilidades inerentes á coisa pública, compondo interesses. Assim acreditaremos que, passada a festa a sensação não será de alívio, de ter escapado de mais uma; ao contrário, os residentes e povo estará confiante e desejoso de participar e colaborar com as próximas. Conforme uma definição encontrada na internet:


O Turismo Sustentável deve acima de tudo buscar a compatibilização entre os anseios dos turistas e os das regiões receptoras, garantindo não somente a proteção do meio ambiente, mas também estimulando o desenvolvimento da atividade em consonância com a sociedade local envolvida.
Desenvolver o turismo de forma sustentável implica em ações que sejam socialmente justas, economicamente viáveis e ecologicamente corretas, isto é, que atendam  as necessidades econômicas, sociais e ecológicas da sociedade conforme destacado pela OMT, em seu artigo 3 do Código Mundial de Ética do Turismo.
(http://www.sustentavelturismo.com/2011/04/o-que-e-turismo-sustentavel.html)

Não é o que se vê em Cachoeira Dourada por parte da Administração Municipal. Aqui o turista visitante é desrespeitado em seu direito à informação em uma situação que lhe pode prejudicar a saúde. Apesar de já termos comunicado com a Secretaria de Saúde, de já ter sido motivo de representação no Ministério Público Federal, de dezenas de postagens em redes sociais, mesmo assim não existe uma só placa de advertência quanto às condições impróprias para o banho no setor da Praia do Sol, local onde é despejado esgoto doméstico no rio.
Ao mesmo tempo, passa a impressão ao visitante de estar ingressando em território sem leis municipais, dado que não encontra regras que o município impõe para proteger os direitos dos cidadãos e residentes no município.
Foi muito bom poder participar e expressar nossas preocupações, ainda que possa ter contrariado o interesse de quem quisesse fazer de qualquer forma, mas isso será positivo para elevar o conceito do que se vai realizar de agora adiante.
Estaremos documentando todas as situações e condições que forem observadas nesse evento, para compor um relatório que poderá ser utilizado para as melhorias que devem ser implementadas nas próximas oportunidades.



Por Adenir Mateus Alves

Cachoeira Dourada, 11 de fevereiro de 2015.

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