Jovita Rosa - MCCE
Em
Brasília, os manifestantes fizeram uma corrida contra a corrupção e cobraram
mais rigor
Milhares
de pessoas foram às ruas neste domingo em várias cidades do País para
participar dos atos ligados ao Dia Internacional Contra a Corrupção, no qual
pediram "mão dura" e celebraram as recentes condenações dos políticos
envolvidos no caso do mensalão. Em Brasília, os organizadores da manifestação
convocaram uma corrida de 10 km pela Esplanada dos Ministérios, onde estão
todos os edifícios do Poder Público, incluindo o Supremo Tribunal Federal
(STF), que condenou 25 políticos e empresários pelas práticas corruptivas
denunciadas em 2005.
Muitos
dos participantes - 1,2 mil, segundo fontes policiais - expressaram seu apoio
ao Supremo com cartazes e cânticos, nos quais pediam aos juízes seguirem sendo
"duros" e "intransigentes" com a corrupção. "Estamos
realizando avanços consistentes na luta contra a corrupção, mas também queremos
que essa luta não acabe e que se aprofunde cada vez mais", declarou Ziller
Henrique, funcionário do Tribunal de Contas e um dos organizadores da corrida.
As
manifestações contra a corrupção também se repetiram em São Paulo e em outras
capitais regionais, nas quais a tônica também foi o apoio ao Supremo e a
celebração pelo resultado do chamado "julgamento do século".
O
mensalão do PT
Em 2007,
o STF aceitou denúncia contra os 40 suspeitos de envolvimento no suposto
esquema denunciado em 2005 pelo então deputado federal Roberto Jefferson (PTB)
e que ficou conhecido como mensalão. Segundo ele, parlamentares da base aliada
recebiam pagamentos periódicos para votar de acordo com os interesses do
governo Luiz Inácio Lula da Silva. Após o escândalo, o deputado federal José
Dirceu deixou o cargo de chefe da Casa Civil e retornou à Câmara. Acabou sendo
cassado pelos colegas e perdeu o direito de concorrer a cargos públicos até
2015.
No
relatório da denúncia, a Procuradoria-Geral da República apontou como
operadores do núcleo central do esquema José Dirceu, o ex-deputado e
ex-presidente do PT José Genoino, o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares e o
ex- secretário-geral Silvio Pereira. Todos foram denunciados por formação de
quadrilha. Dirceu, Genoino e Delúbio respondem ainda por corrupção ativa.
Em 2008,
Sílvio Pereira assinou acordo com a Procuradoria-Geral da República para não
ser mais processado no inquérito sobre o caso. Com isso, ele teria que fazer
750 horas de serviço comunitário em até três anos e deixou de ser um dos 40
réus. José Janene, ex-deputado do PP, morreu em 2010 e também deixou de figurar
na denúncia.
O relator
apontou também que o núcleo publicitário-financeiro do suposto esquema era
composto pelo empresário Marcos Valério e seus sócios (Ramon Cardoso, Cristiano
Paz e Rogério Tolentino), além das funcionárias da agência SMP&B Simone
Vasconcelos e Geiza Dias. Eles respondem por pelo menos três crimes: formação
de quadrilha, corrupção ativa e lavagem de dinheiro.
A então
presidente do Banco Rural, Kátia Rabello, e os diretores José Roberto Salgado,
Vinícius Samarane e Ayanna Tenório foram denunciados por formação de quadrilha,
gestão fraudulenta e lavagem de dinheiro. O publicitário Duda Mendonça e sua
sócia, Zilmar Fernandes, respondem a ações penais por lavagem de dinheiro e
evasão de divisas. O ex-ministro da Secretaria de Comunicação (Secom) Luiz
Gushiken é processado por peculato. O ex-diretor de Marketing do Banco do
Brasil Henrique Pizzolato foi denunciado por peculato, corrupção passiva e
lavagem de dinheiro.
O
ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP) responde a processo por
peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A denúncia inclui ainda
parlamentares do PP, PR (ex-PL), PTB e PMDB. Entre eles o próprio delator,
Roberto Jefferson.
Em julho
de 2011, a Procuradoria-Geral da República, nas alegações finais do processo,
pediu que o STF condenasse 36 dos 38 réus restantes. Ficaram de fora o
ex-ministro da Comunicação Social Luiz Gushiken e o irmão do ex-tesoureiro do
Partido Liberal (PL) Jacinto Lamas, Antônio Lamas, ambos por falta de provas.
A ação
penal começou a ser julgada em 2 de agosto de 2012. A primeira decisão tomada
pelos ministros foi anular o processo contra o ex-empresário argentino Carlos
Alberto Quaglia, acusado de utilizar a corretora Natimar para lavar dinheiro do
mensalão. Durante três anos, o Supremo notificou os advogados errados de Quaglia
e, por isso, o defensor público que representou o réu pediu a nulidade por
cerceamento de defesa. Agora, ele vai responder na Justiça Federal de Santa
Catarina, Estado onde mora. Assim, restaram 37 réus no processo.
Fonte:
Terra
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