Remédio amargo

Ontem foi um dia que poderá passar para a história de Cachoeira Dourada, como o dia que começamos a tomar atitudes de verdade. Foi um daqueles dias que não desejamos, mas que a situação foi nos empurrando até não ter mais jeito.

Quiséramos que tivesse sido diferente e, bem que poderia, porque foi anunciado no início do mandato do atual Prefeito, que seria.

Então, ontem, de verdade queríamos ter, como foi prometido no passado, reunido com o Prefeito, os secretários municipais e os vereadores para ter mais uma oportunidade de conhecer todas as contas municipais de uma cidade em pleno desenvolvimento, com todos os serviços públicos funcionando exemplarmente, com exemplos de responsabilidade com os recursos, com a pontualidade no pagamento dos fornecedores e servidores, e, assim, na mesma reunião fazer outros planos para seguir melhorando cada dia mais a qualidade de vida nessa cidade.

Nesse plano ideal, Cachoeira Dourada seria hoje uma cidade invejável em toda a região, capaz de atrair moradores e investidores de cidades vizinhas, capaz de fazer o cachoeirense encher a boca e estufar o peito ao responder de que município provêm! Arrecadação para isso não faltou!

Mas, infelizmente desse sonho fomos derrubados; a esperança que havia vencido o medo, agora apanha rotundamente de uma lista de adjetivos ruins, desagradáveis, anti-éticos, arcaicos, de costumes coronelescos.

De transparência esse governo atual nada teve. Não cumpriu termo de compromisso que assinou com a ONG, que estipulava uma série de medidas de transparência, prevenção e combate à corrupção, racionalismo e austeridade na administração, entre outros.

Não cumpre Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) assinado pelo município, Câmara Municipal e Ministério Público, que determinava a disponibilidade de local apropriado, servidores e outros recursos para cumprir o princípio da publicidade dos atos administrativos, facilitando a qualquer cidadão o acesso a balancetes, contratos, despesas e todo tipo de meio para comprovar a devida prestação de contas da Administração.

Câmara Municipal e Prefeitura vem negando acesso, sistematicamente, à petições de informações e documentos, solicitados pela ONG e até pelos vereadores.

Fosse somente isso, a falta de transparência, já se justificava uma posição mais contundente da ONG e dos vereadores. Mas, como está visível e estampado em toda a cidade e na situação administrativa e financeira do município, não restou outra alternativa à ONG e a um grupo de vereadores, que endurecer a cobrança de informações, a responsabilização do administrador pelos embaraços à atividade dos vereadores, pela intensificação das atividades de fiscalização, inclusive, pelo requerimento de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que poderá ser apresentada em breve.

A situação administrativa e das contas municipais tem deteriorado em uma velocidade muito grande, importando em prejuízos de difícil reparação, o que exigiria um tempo menor de respostas por parte da Justiça, o que, sinceramente não é fácil esperar.

Assim, com as recentes demonstrações de sensibilidade e respeito ao povo, que a maioria dos vereadores assim tem atuado, a ONG estuda a possibilidade de propor um julgamento político da situação que se encontra a Administração Municipal. Pensamos que chegou a hora de criar uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito), que teria como objetivo investigar a Administração Financeira do Município, as prestações de contas e possíveis desvios de recursos públicos. Fatos certos e determinados não faltam e serão apontados na representação ao legislativo.

O povo que financia o funcionamento da Prefeitura, não pode continuar sendo tratados como estão.

Assim, foi para afinar esta proposição, entre outras, que estivemos reunidos nesta segunda-feira, ONG e vereadores da oposição, concluindo pela urgência em atuar nesse sentido, pois, não seria boa medida jogar no “quanto pior melhor”, deixando a vontade para seguir desgovernando o município, quem está demonstrando total descontrole sobre a situação.

É para evitar prejuízo maior para a cidade! É para reduzir o sofrimento do povo que depende da Prefeitura de várias formas!

Representando a ONG estavam:

Sélio Antonio, Marlene Freitas, Leda Menezes, Fernanda Moreira, Helaine Menezes, Cícero, Adenir Mateus e Luzmarina. Vereadores:

Dra. Natália, Marcina Rosa, Isaias Pereira, Ademir Teófilo e Isoldino Salvador.

Outros:
Pastor Porcidônio Sarmento, Dr. Paulo Prates, Dormantes Gomes, Edson Vasco e Douglas Rafael Martins.

Foi deixado bem claro o caráter apartidário da ONG, que, nessa circunstância está trabalhando conjuntamente com agentes políticos do município, que perfilam na oposição neste momento, para atender uma emergência que afeta a cidade inteira, não discriminando quem quer que seja. Com os políticos da situação, por mais que tentamos, não conseguimos evitar que chegasse a esse estado de coisas, sendo eles responsáveis, por ação ou omissão.

No mesmo sentido, isso não determina um alinhamento e um engajamento em futuras campanhas eleitorais, à qual a ONG se manterá eqüidistante, não manifestando preferência, muito pelo contrário, pregaremos o voto livre e consciente.